UNIVERSIDADE DA MADEIRA E RÉSEAU EUROPÉEN D’ÉTUDES LITTÉRAIRES COMPARÉES
EUROPEAN NETWORK FOR COMPARATIVE LITERARY STUDIES (REELC-ENCLS)
Madeira – Funchal, de 26 a 28 de Setembro de 2013


O pior que têm as ilhas é quando se põem a imitar o mar que as rodeia. Cercadas, cercam. (José Saramago, Cadernos de Lanzarote 5)

(…) sur ce continent américain où je me trouve, une ligne côtière continue s’étend à l’infini; devant, c’est l’océan immense, illimité; dans les lointains où fumées et nuages se confondent, des ombres d’îles dans le vague. (Leung Ping-Kwan, Îles et Continents)

Vista do seu interior, do mar, ou a partir dos continentes, mais ou menos distantes, a ilha (de Homero a Camões, de Shakespeare até Daniel Defoe ou H.G. Wells, mas também, mais recentemente, com José Saramago ou com Michel Houellebecq, entre tantos outros), convertida em topos de criação e de inspiração literária multiplica-se em configurações infinitas, aqui sumariamente enunciadas: lugar paradisíaco dos deuses, dos mistérios incertos, dos sonhos ou dos pesadelos, enquadramento paradoxal para utopias ou distopias, exílio deliberado ou forçado (vejam-se as colónias penais do Tarrafal, em Cabo-Verde, ou da Austrália, por exemplo) ou palco de disputas de território e de desafios políticos, seja em contexto colonial ou pós-colonial.

E os continentes? Serão eles simples lugares de desterritorialização ou antes de abertura perante o insuperável sentimento de insularidade, mesmo quando a existência da ilha não ultrapassa o nível da metáfora? Ou a insularidade tenderá a diluir-se cada vez mais em favor da hipo-insularidade de que fala Thierry Nicolas, (« L'hypo-insularité », une nouvelle condition insulaire : l'exemple des Antilles françaises », L'Espace géographique 4/2005, Tome 34, pp. 329-341).

Como interagem estes espaços? Será o mar, que cerca as ilhas e ladeia os continentes, inconstante e movediço, um elemento de aproximação e de atracção? 

Entre as ilhas e os continentes (penínsulas ou ilhas ligadas artificialmente aos continentes), nas ilhas e nos continentes, é possível distinguir identidades específicas sejam elas de carácter individual ou colectivo?


EIXOS DE REFLEXÃO

Numa perspetiva comapratista, propõem-se os seguintes eixos de reflexão:

  • O modo pelo qual a memória cultural e os fluxos migratórios entre ilhas e continentes intervêm ao nível da (re)construção identitária; 
  • Os estereótipos culturais;
  • O mar enquanto elemento de união/separação;
  • A insularidade/hipo-insularidade e as suas consequências para a criação literária e artística; 
  • Topografia e temporalidade dos espaços insulares e continentais;
  • Questões de imagologia;
  • A dualidade ilha – continente e o discurso pós-colonialista;
  • Discursos metafóricos: Mar, Ilhas, Continentes;
  • São igualmente aceites propostas para painéis temáticos.

Línguas do congresso:
  • Português
  • Francês
  • Inglês